segunda-feira, 26 de agosto de 2013

O causo do bidê





Já falei aqui da minha admiração pelo meu pai, Sr Renato Lima, e quem me conhece sabe o quanto ele influencia minha vida. Mas nunca falei muito sobre sua personalidade: É muito complexa! Todo mundo que o conhece diz que sua vida e seus causos dariam um livro. Acho que se eu fosse escritor já estaria com esse projeto em andamento rsrsrs. Mas por hoje, basta dizer que o cidadão é muito, muito chucro (apesar de sábio), bronco (apesar de justo) e sem papas na língua (apesar de verdadeiro). Acontece que quando tem que falar algo a alguém, sinto muito se vai doer, mas ele fala mesmo! Toda essa introdução foi porque este é um causo que se passou com ele.


Lá pelos anos 80, meu pai estava na fazenda de um antigo pecuarista no sul do Pará, de quem costumava comprar bezerros desmamados, o Sr. Sílvio. O serviço era pesado, a fazenda muito grande, de modo que eram necessários vários vaqueiros para buscar o gado no pasto e fazer a apartação, tanto que além dos funcionários do Sr Silvio era preciso contratar também diaristas para aqueles dias.


No fim da tarde, todos muito cansados foram dormir na sede da fazenda, uma construção antiga desprovida de luxos mas acolhedora. Os numerosos vaqueiros se instalavam em redes na varanda e poderiam usar as instalações internas, enquanto meu pai, Sr Silvio e outros poucos dormiriam nos aposentos da casa.


Lá pelas tantas o Sr Silvio resolveu ir ao banheiro, quando viu o vaqueiro Tião saindo de lá. Tião era um diarista que nunca tinha trabalhado naquela fazenda. Quando Sr Silvio entrou no banheiro, viu que o vaqueiro tinha feito um baita “serviço sólido”, só que não no vaso sanitário, como o esperado, mas sim dentro do bidê!!


Como eu disse, a construção era antiga, com bacia de sanitário e bidê. Quase não vemos mais bidê nos banheiros modernos... E o coitado do Tião, nunca tinha visto um bidê na vida! Deve ter chegado apertado no banheiro, naquela urgência danada, viu duas bacias de louça praticamente iguais, fez um “mamãe-mandou” e mandou ver!


O pior não foi isso! O Sr Silvio por não ter muita intimidade com o Tião, vira pro meu pai e diz: “- Ôô Renato, você que é mais jeitoso que eu, fala com o Tião porque, olha aqui, ele cagou o bidê até a boca...”

O meu pai, que por sinal também tinha conhecido o Tião naquele dia, imediatamente dispara a gritar: “- Tião, seu f.d.p., vem aqui ligeiro no banheiro seu cagão! E trate de limpar esse bidê pois o lugar de cagar é o outro vaso!”


Meu pai conta que o vaqueiro ficou tão desesperado que sujou as mãos tentando limpar rápido sua sujeira... coitado...


O que me deixa mais intrigado nessa história é o julgamento do Sr Silvio em achar que meu pai era “mais jeitoso”: ou ele estava sendo irônico ou ele era ainda mais chucro que meu velho... Vai saber, né?

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Um elogio verdadeiro


A coisa mais fácil do mundo é tecer um elogio falso. Aparece aquela pessoinha não muito simpática com quem você é obrigado a conviver e pergunta: “Gostou do meu corte novo de cabelo, Arlindo?” Aí não tem jeito, vai no automático um elogio qualquer, tipo: “Ficou bunito pra burro, heim?”

A gente que toca recebe muitos elogios, mas é fácil perceber os que são mais pra cumprir uma formalidade do que o de alguém que realmente se identificou com o seu trabalho.

Nestes últimos dias recebi dois elogios involuntários (e ao mesmo tempo voluntários!) que não deixam dúvidas sobre sua legitimidade.

Um foi do meu pai. Estávamos no trânsito. Mais especificamente, parados no trânsito. O assunto era alguma coisa séria, mas nada grave... Ele fez uma pausa em seu discurso, se distraiu, olhou pela janela do carro e cantarolou “Ser feliz é muito simples bem aqui no meu sertão(...)” – o início da canção “Muito simples” do CD Cavalo do tempo. Olhei pra ele e ri. Pensei comigo: Putz, valeu o CD inteiro...

O outro foi de um lindo garotinho chamado Felipe. Seu pai é um compadri muito querido, e me mostrou no celular o vídeo que segue no link. Tenho filhos desta idade e nem a Galinha Pintadinha – com todas as suas cores – consegue fazê-los se expressar desse jeito... Isso sim é um grande elogio!



quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Meu pé de Kinkan





Quando adquirimos a nossa terrinha ele já estava lá. Eu chamava seu fruto de “laranjinha”. Foi minha amiga Sara Muller que me disse: “Que legal! Você tem um pé de kinkan em seu pomar!” e assim me apresentou formalmente ao Fortunella margarita.


A despeito da tendência natural humana de acrescentar um ponto ao conto, serei honesto: meu pé de kinkan não é uma Brastemp. Já adubei seu pé, já tentei tirar umas pragas que vivem aparecendo em seus galhos, mas ele não aumenta sua produção. 


Toda vez que chego na nossa terrinha, depois de cumprimentar as pessoas e os animais, vou dar uma olhadinha pra ver se tem alguma laranjinha madura. Na maioria das vezes acho umas 2 quase boas. Às vezes tem umas verdes que não dá pra tirar do pé e muito, muito raramente acho aquela preciosidade, amarelinha como um canarinho da terra e docinha como um favo que, sem nem sequer assoprar, ponho na boca e me delicio. 


O interessante é que já virou uma atração à parte para mim o suspense do momento em que me aproximo da arvorezinha... “O que será que o pé de kinkan tem pra mim hoje?”


Estou suspeitando que nossa vida seja como esse pé de kinkan. Temos que saber apreciá-la como ela é. Mesmo que não esteja sempre repleta de deliciosas frutas maduras, teremos que saber nos contentar com algumas laranjinhas quase boas. Às vezes teremos que saber esperar pra poder colher. A verdade é que muito raramente teremos o deleite de um glorioso fruto de ouro, seja ele uma vitória, uma notícia, um reconhecimento, um relacionamento, um negócio, etc. Ter a expectativa certa sobre a árvore da nossa vida nos livra da decepção de achar que poderíamos ter frutas em escala industrial a partir de um pezinho de kinkan. Essa decepção se alastra como uma praga daninha e causa a doença que é o mal deste século, a depressão.


Preciso continuar adubando e curando minha arvorezinha, mas sei que o mais importante é manter a satisfação de poder passear ao seu redor e poder olhar com cuidado no interior de seus galhos procurando algum fruto que eu possa degustar e oferecer aos meus queridos.

Arlindo Lima é entrevistado por Roger Marzochi, do site Entresons

Durante entrevista ao site Entresons - www.entresons.com.br - Arlindo Lima conta a sua história, a paixão pela criação de cavalos, composições, música e a gravação do CD Cavalo do Tempo. Leia mais: 
http://www.entresons.com.br/?p=655

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Causo de Cruzília





Estávamos esperando para começar a passagem de som, antes do show na 32ª Exposição Nacional do Mangalarga Marchador (MM). O parque de exposições da Gameleira já estava repleto de criadores e apreciadores da raça desde cedo. Era meio da tarde, sol quente e uma multidão na beira da pista e nos stands não se importava com o horário ou temperatura.


Uma figura muito simpática, que por razões óbvias não revelarei o nome, aproximou-se de mim e com aquele sotaque típico do interior de Minas e me abordou assim:


- Ôôô Arlindo Lima, gostei muito das suas modas do CD Cavalo do Tempo, mas aquela sua da “menina do sul de Minas” me quebrou as pernas...


Ele se referia à faixa “Amor de peão” – segue o link para o leitor que não conhece poder ouvi-la. Fala de um amor de criança entre um peão e uma menina de Cruzília.


Cruzília é uma cidadezinha muito importante no sul de Minas pois é onde nasceu a raça de cavalos MM.

Ele continuou:


- Desde garoto eu vou a Cruzília pra fazer as cavalgadas que acontecem lá... Depois que eu casei, continuo indo mas sempre com a reprovação da minha esposa... Agora que ela ouviu a sua moda, fica pegando no meu pé dizendo: “Tá vendo, cavalo que nada! Vocês vão pra Cruzília atrás de rabo de saia! Já estão até fazendo música pra muié de lá!”


Em minha defesa queria dizer que nunca fui a Cruzília, por enquanto, pois tenho muita vontade de conhecer o lugar... e agora também de (só) espiar as meninas...  Brincadeirinha! rsrsr...

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Show na Exposição Nacional do MM


Arlindo, Paulinho Leme e Marcel Bottaro.
Família reunida, reencontro de amigos, excelentes cavalos, boa bebida numa noite muito agradável... foi essa a aura que cercou nosso show no parque da Gameleira em BH durante a exposição nacional do Mangalarga Marchador no último dia 24/7.

Eu e os amigos Marcel Bottaro (baixo acústico) e Paulinho Leme (acordeão) tocamos durante aproximadamente duas horas, mostrando as canções do CD Cavalo do Tempo, algumas canções novas e relembrando as modas imortais de outros tempos.

Terminamos com um grande coro cantando “Chalana” e o refrão de “Sangue azul” junto com a gente! Foi muito bom.

O povo em BH já estava excitado com a entrada do Atlético Mineiro em campo – noite em que acabou sagrando-se campeão de Libertadores – e essa excitação parece que deixou o show ainda mais gostoso! Um garotinho de uns 7 anos se aproximou do palco entre uma música e outra, com um olhar de quem estava vibrando e me pediu: “Moço, toca o hino do galo?”  - Eu, como boleiro não praticante que sou, demorei pra entender o pedido... Rsrsrs

Grande noite!