terça-feira, 14 de maio de 2013


Pela luz das estrelas


Pela luz dessas estrelas

Volto só na madrugada

Levamo sessenta rez

Pra invernar lá no Goiás

Volto logo pra ver meu amor

Sigo em frente sem certezas

Não cavalgo pela estrada

Decidi que desta vez

Vinha antes dos dimais

Corto o campo pra ver meu amor

Vou perdido e ferido

Rédea solta, pé no estribo

Peço a Deus pra me guiar

Pelas pata do alazão

E que ainda exista algum amor

Quem sabe do dia de amanhã?

Quem pode dar garantias de seu futuro,

de seu sucesso ou mesmo sua idoneidade? 

Quem conhece todas as perigos da estrada?

Planejamos uma determinada carreira profissional, investimos, sonhamos 

até os detalhes, mas às vezes tropeçamos numa pedra inesperada. 

Encontramos a pessoa perfeita, juramos amor eterno diante de Deus e 

 dos amigos, mas com o tempo começamos a aceitar o 

“que seja eterno enquanto dure” 

ou então nos envolvemos em mundos diferentes em que as mudanças 

pessoais, inevitáveis e inerentes ao amadurecimento do ser humano, 

tornam cada um tão diferente do outro que a convivência se torna impossível. 

Acalentamos nosso pequeno bebê ao colo e nunca esperamos que ele possa 

nos decepcionar um dia. 

 Cuidamos do nosso próprio corpo  durante anos, nossa saúde, 

mas não esperamos a chegada de um câncer intruso, de 

origem genética, sem ter relação ou consequência a qualquer escolha da vida.

A vida faz curvas.

Curvas são naturais à própria vida.

Felizes os que conseguem ter fé de que há um Deus que vela em todos os 

momentos desse trajeto, sejam bons ou maus.

Um boiadeiro à moda antiga sai em comitiva para levar o gado das terras 

geladas do sudeste brasileiro até as pastagens quentes do estado de Goiás. 

São dias, às vezes  semanas de viagem. 

Estão expostos a toda sorte de perigos, alterações climáticas e

 também aventuras prazerosas.

Após chegar ao seu destino e entregar as 60 cabeças sãs e salvas, 

sente novamente aquele vazio que são as incertezas da vida. 

Foram tantos dias gastos na estrada e longe de casa... 

Que notícias o esperam ao chegar?

 O que tem ocupado a mente de sua esposa?

Como estão suas crianças, que não são mais crianças?

Como vai a saúde dos velhos? Será que os queridos reconhecem e

compreendem sua vida de boiadeiro?

Decide voltar na mesma noite, mesmo com a 

decisão dos companheiros em retornar só no dia seguinte.

O silêncio da noite era necessário.

A cadência da marcha de seu cavalo acompanharia o ritmo de seu 

próprio coração. Sente-se só, mas é preciso. Essa é a sua vida.

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