Pela luz das estrelas
Pela luz dessas estrelas
Volto só na madrugada
Levamo sessenta rez
Pra invernar lá no Goiás
Volto logo pra ver meu amor
Sigo em frente sem certezas
Não cavalgo pela estrada
Decidi que desta vez
Vinha antes dos dimais
Corto o campo pra ver meu amor
Vou perdido e ferido
Rédea solta, pé no estribo
Peço a Deus pra me guiar
Pelas pata do alazão
E
que ainda exista algum amor
Quem sabe do dia de amanhã?
Quem pode dar garantias
de seu futuro,
de seu sucesso ou mesmo sua idoneidade?
Quem conhece todas as
perigos da estrada?
Planejamos uma determinada carreira profissional,
investimos, sonhamos
até os detalhes, mas às vezes tropeçamos numa pedra
inesperada.
Encontramos a pessoa perfeita, juramos amor eterno diante de Deus e
dos amigos, mas com o tempo começamos a aceitar o
“que seja eterno enquanto
dure”
ou então nos envolvemos em mundos diferentes em que as mudanças
pessoais, inevitáveis e inerentes ao amadurecimento do ser humano,
tornam cada um tão diferente do outro que a convivência se torna impossível.
Acalentamos nosso
pequeno bebê ao colo e nunca esperamos que ele possa
nos decepcionar um dia.
Cuidamos do nosso próprio corpo durante anos, nossa saúde,
mas não esperamos a
chegada de um câncer intruso, de
origem genética, sem ter relação ou
consequência a qualquer escolha da vida.
A
vida faz curvas.
Curvas são naturais à própria vida.
Felizes os que conseguem ter fé de que há um Deus
que vela em todos os
momentos desse trajeto, sejam bons ou
maus.
Um
boiadeiro à moda antiga sai em comitiva para levar o gado das terras
geladas do sudeste brasileiro até as pastagens quentes do estado de Goiás.
São dias, às
vezes semanas de viagem.
Estão expostos a toda sorte de perigos, alterações
climáticas e
também aventuras prazerosas.
Após chegar ao seu destino e entregar
as 60 cabeças sãs e salvas,
sente novamente aquele vazio que são as incertezas
da vida.
Foram tantos dias gastos na estrada e longe de casa...
Que notícias o
esperam ao chegar?
O que tem ocupado a mente de sua esposa?
Como estão suas
crianças, que não são mais crianças?
Como vai a saúde dos velhos? Será que os
queridos reconhecem e
compreendem sua vida de boiadeiro?
Decide voltar na mesma
noite, mesmo com a
decisão dos companheiros em retornar só no dia seguinte.
O
silêncio da noite era necessário.
A cadência da marcha de seu cavalo
acompanharia o ritmo de seu
próprio coração. Sente-se só, mas é preciso. Essa é
a sua vida.
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