terça-feira, 16 de abril de 2013


As Ronaldas


Cada compositor tem um “jeitão” de fazer a criança nascer.

Uns criam tudo junto, letra e música. 

Outros fazem isso por partes. 

Nesse processo eu sou escravo da música. Quando a música nasce 

(geralmente são partos laboriosos) ela já me diz o que a letra cantará.

Para compor AS RONALDAS foi o contrário.

Sempre admirei os letristas das clássicas modas de viola com suas histórias 

compridas e de desfechos surpreendentes, aproveitando cada sílaba e tecendo 

um texto claro e conciso. 

Desafiei a mim mesmo a compor uma “modona” dessas.

À moda antiga.

Como em quase todas as minhas composições, conversei com a minha 

esposa sobre a ideia.

 Pensamos em vários possíveis enredos e aí lembramos de um fato engraçado:

Na primeira gravidez da minha esposa, antes de sabermos o sexo do bebê, 

meu  amigo Alexandre Robles sai com essa:

 “Sonhei que o bebê era uma menina e vocês a batizavam de Ronalda!”.

Minha esposa de voleio respondeu: 

"Seria mais fácil nascer uma mula no nosso sítio 

com esse nome do que a minha filha!” 

Quero deixar claro que não tenho nada contra 

o belo nome Ronalda, inclusive não me sinto no direito de zombar do nome de 

ninguém, afinal de contas, Arlindo também não é um nome que os atuais 

cartorários estejam habituados a ouvir da boca dos pais 

no momento do registro! 

Bem, se alguma leitora se chama Ronalda ou pior, tem uma filha 

chamada Ronalda está com raiva de mim pela canção, quero que se sinta vingada: 

os Mamonas Assinas já gravaram “Uma Arlinda mulher”, 

um tremendo sucesso no Brasil inteiro nos anos 90. 

Ouça no youtube e ria de mim à vontade.

Mas voltemos à composição de AS RONALDAS. 

Após um tempo bolando a estória, 

escrevi e re-escrevi a letra um monte de vezes 

até a métrica bater e o enredo fluir. 

Foi interessante revisar algumas datas e conferir se eram contemporâneas,

pois a narrativa acontecia no tempo da guerra do Paraguai,

da fundação da cidade natal dos meus pais, Itaperuna-RJ, 

e do início e apogeu da feira de muares e equinos que 

acontecia em Sorocaba-SP, parada obrigatória dos bandeirantes 

de todo o sul e sudeste brasileiro. 

Só depois criei a melodia.

Assim nasceu a canção de um tropeiro fluminense,

que foi a procura de uma mula na feira de Sorocaba e acabou se apaixonando 

pela donzela Ronalda, que era homônima 

da besta teimosa e empacadeira que o tropeiro comprou.

Gostei do resultado e quero continuar compondo canções nesse estilo. 

Se você sabe algum “causo” bom que possa virar uma “modona”, compartilha 

comigo? Pode ser que eu consiga transformá-lo em música!  : ) 

Um comentário: